segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Resenha "Corra, Abby, corra!" - Jane Costello


Há um gênero especial que eu realmente amo ler e devoro sempre que posso, que é o Chick Lit. Neste blog tem, acho, poucas resenhas que fazem jus ao quanto sou viciada, mas é claro que tudo começou ao abrir despretensiosamente um livro da Sophie Kinsella, que abriu portas a vários outros títulos que mantém minha leitura em dia. Nesse mês, por exemplo, eu estou lendo uns dois livros por final de semana, e às vezes é muito legal "dar um tempo" pra literaturas complexas, lendo narrativas leves e divertidas, que geralmente acabam em um casamento. 

Sei que muitos torcerão o nariz, mas não acredito que seja "literatura para mulherzinha", como o Chick Lit é conhecido por aí. Igual filmes de comédias românticas, estes livros atraem um público diversificado que vai muito além do preconceito que se encaixa na expressão "para mulherzinha". Caramba, e quem não gosta de um bom livro de romance pós-moderno?! Acho muito mais legal admitir que nem sempre estamos com Shakespeare ou Tolstói debaixo do braço, do que ficar nessa onda de pseudo-cult o tempo todo. Quem ama ler, gosta de qualquer livro. Não é obrigatório ler só os clássicos, e acho que o Chick Lit atrai tanto justamente por estar lado a lado com a nossa época. São histórias de mulheres normalmente bem sucedidas - ou começando a trilhar o caminho do sucesso - que passam por problemas reais, relatam suas inseguranças e têm mais desilusões amorosas do que cavalheiros fazendo fila em suas portas. Que me desculpe Jane Austen (que amo muito, por sinal), mas às vezes é saudável sair dessa onda "sou uma mocinha indefesa" e ver um pouco de mulheres subindo no salto, sendo CEO's e mandando ver com caras espetaculares, porque tomaram a iniciativa. Jane Costello, aliás, soube fazer isto muito bem. Quem leu algo dela com certeza não pôde deixar de compará-la a rainha do Chick Lit americano, Sophie Kinsella, e eu particularmente acho isto um tremendo bom sinal. Quando você consegue se igualar a alguém muito bom, é porque alguma coisa você está fazendo certo.

Bom, o livro "Corra, Abby, corra!" é da editora Record e tem uma capa que não esconde sobre qual gênero pertence (aliás, foi uma das coisas que me chamou a atenção enquanto estava procurando algo para ler). Abby é uma inglesa de 28 anos que tem uma prioridade na vida: administrar sua empresa de Web Design, que está apenas no começo. Sua rotina louca não lhe dá tempo para muita coisa, a não ser reuniões com futuros clientes e uma dose diária de alimentação ruim para compensar todo o trabalho. E quem não se identifica apenas com este começo? Trabalhar, não se lembrar de qual foi a última vez que deu um beijo apaixonado e ter tão pouco tempo pra pensar em si mesma, que alimentação ruim e pouco exercício físico são apenas os pormenores de toda a situação. Em uma dessas idas apressadas à reuniões, Abby atropela o motoqueiro Tom e se vê obrigada a entrar em contato com a seguradora para ter que lidar com "mais essa" tarefa em sua vida. 

Entre e-mails engraçados que os dois trocam - mas que Abby não dá realmente a mínima, porque está devendo pro cara -, Jess, sua melhor amiga casada e com dois filhos, apresenta o médico Oliver, que assim como ela, faz parte de uma turma de corrida e leva uma vida saudável. Sentiu o drama? Creio que a grande maioria não faz parte da #GeraçãoPugliese, e eu estou incluída nesta porcentagem que troca de bom gosto o tênis de corrida por uma tarde inteira com o NetFlix. Isso pode muito bem ilustrar o quanto este livro é sensacional, porque Abby é uma de nós e cara, o que você faria no lugar dela? Entrar no clube de corrida para ver no que dá, é claro! #Sóquenão. O que Abby não esperava é que esta decisão realmente mudaria toda sua vida e, ao experimentar o primeiro dia, ela se vê obrigada a fingir que está na turma mediana de corrida para não passar vergonha com Oliver - o que foi uma péssima ideia - e o fim disto tudo você mesma pode imaginar. 

Claro que o que ela não esperava é que outro tipo de motivação a faria voltar para as pistas de corrida novamente, e é por causa da Esclerose Múltipla de sua melhor funcionária, Heidi, que Abby faz justamente isto. O plano é arrecadar dinheiro para novos estudos que possam pesquisar melhor a doença e trazer maiores informações ao público, e, para isto, Abby se compromete a correr 10 mil quilômetros em troca de patrocínios de grandes empresas. Ou seja, além de administrar sua empresa, e lidar com um novo estilo de vida, ela ainda tem que entrar em contato com uma série de magnatas e convencê-los de que investir nela realmente é uma boa ideia. E não para por aí! Para melhorar a situação, Abby descobre que Tom, o motoqueiro, também faz parte da turma de corrida, e que Oliver é tão tímido que as coisas não irão para frente tão cedo. 

Como todo o bom Chick Lit, grandes revelações acontecerão mais para o final do livro, incluindo um ótimo desfecho que muitas de nós já esperávamos desde que Abby começou a contar sua maluca história. Eu gostei tanto que por um segundo pensei em começar a levar uma vida saudável, mas a preguiça falou mais alto e no fim das contas, o livro não trata especificamente sobre isto. Jane Costello vai te fazer rir e torcer pela nossa maluca personagem, assim como qualquer outro bom livro do gênero, então vale super a pena investir nessa leitura. Achei leve, bem conectada e com um clímax muito bem pensado, fora que os personagens foram todos muito bem criados. Jane já tem seu lugar em minha estante dos "favoritos", com certeza!

Edição: 1
Editora: Record
ISBN: 9788501097316
Ano: 2015
Páginas: 420

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Resenha "A Bruxa da Noite" - Nora Robers




"A Bruxa da Noite" é provavelmente um dos melhores começos de Trilogia que a Nora Roberts já escreveu. E eu acho que gostei tanto, que tomei um cuidado extra na hora de resenhar esse livro, porque eu amei demais a história - assim como a sua continuação.

Pra começar, o que me chamou mais a atenção foi a sinopse e a capa, sempre tão bem feita pela editora Arqueiro. Acho o trabalho deles muito bem feito, dá para perceber o capricho com o formato final da obra. E a sinopse não poderia ser mais atrativa (pelo menos pra mim) e explico o motivo: bruxas. É óbvio, logo pelo título já  sabemos que se trata de uma história sobrenatural - ainda que fale sobre coisas reais, de certa forma. Eu confesso que tenho um fraco por histórias assim, principalmente as que contém dragões, vampiros e seres místicos. Não é a toa que eu era apaixonada por Crepúsculo na minha fase adolescente (e não tem nada a ver com o fato do Robert Pattinson ser lindo, apesar de contar muitos pontos a favor). Então o que me atraiu foi que dessa vez eu vi a Nora sair da sua zona de conforto. Já li suas obras de romance policial e gostei bastante, ou seja, a "fantasia" que ela criou nesse livro não foi um empecilho para querer lê-lo, já que eu tinha gostado de outras aventuras literárias que ela havia experimentado. 


Somos apresentados à Sorcha (nome lindo que eu já tinha visto em outro livro e roubei pra minha personagem de RPG), uma bruxa de grande poder que é conhecida como "Bruxa da Noite" e que vive no Condado de Mayo, na Irlanda, com seus três filhos e seu marido guerreiro, Daithi, uma espécie de general de guerra da época. Pode-se dizer que o começo se passa na Idade Média e que o poder de Sorcha atrai a cobiça e a luxúria de Cabhan, o bruxo do mal. Ele não é nem um pouco clichê, como é o caso de alguns vilões de livros de fantasia, então foi um grande ponto a favor da história pra mim, porque eu realmente gosto de personagens bem criados #exigente. Na verdade ele é sedento por poder, mas de forma sexual, ao que me pareceu. Ele é conhecido por violentar mulheres do vilarejo e por tentar atrair a Sorcha sob a forma de névoa, já que deste modo se torna pegajoso e pode envolvê-la com suas intenções maléficas. Mas, para a alegria de todos, a mamãe bruxa é poderosa e forte o bastante para proteger suas crias, que têm proteção vinda de seus animais. Acredito que seja o que chamam de animal protetor e cada um de nós possui uma espécie que diz sobre nosso interior, então Nora usou isso para criar os "amuletos da sorte" dos filhos da Bruxa da Noite. Teagan, a mais nova, possui Alastar, um garanhão cinza que a entende, assim como qualquer outro cavalo. Eamon, por sua vez, é um menino que conversa com o falcão Roibeard e os compreende, sendo o que cuida e protege suas irmãs. Já a mais velha, Brannaugh, é a mais responsável e lida com poções e feitiços de cura, além de possuir seu cão de guarda Kathel. Assim como o Cabhan, nenhum deles é clichê e sai falando com os animais conspirando e sendo superpoderosos ao ponto de se tornarem "fantásticos" demais. Eu não gosto mesmo quando o personagem é invencível e faz mil coisas poderosas, porque desse jeito não tem como a gente se conectar com eles. A Nora cria humanos, e mesmo que eles sejam bruxos, a coisa toda foi muito real. 


Como o esperado, Cabhan e Sorcha se enfrentam em uma noite que resulta na fuga forçada de seus três filhos, protegidos pelos animais e seus amuletos enfeitiçados. Mas não antes de prometerem que voltariam à cabana da mãe para matar o bruxo, que agora tem o poder de se transformar em lobo. Séculos depois, somos apresentados à Iona Sheehan, uma americana que deixa tudo para ir para Irlanda e conhecer seus primos. Ela se hospeda no Castelo de Ashford e vai conhecer a loja da Bruxa da Noite, que se revela ser a propriedade de sua prima Branna O'Dwyer. Branna já a esperava e, diferentemente do que eu mesma esperava, Iona sabe que é descendente de Sorcha e seus filhos, portanto não é surpresa nenhuma quando Branna a aceita como uma dos três bruxos do Condado de Mayo. 


Iona é o que chamamos de personalidade forte. Ela se faz mostrar, não importa aonde esteja, e isso acontece porque não filtra muito o que fala para os outros. Gostei demais da característica tagarela-atrapalhada que a Nora deu a ela, porque deixou o começo da história mais divertido. Logo de cara Branna oferece um lugar em seu chalé para que ela se instale e a pobre Iona, que sempre foi negligenciada pelos pais, se sente finalmente em casa. Lá ela também conhece Connor, seu primo lindo e protetor, e os três percebem que a vinda da bruxa mais nova para Irlanda significa que está na hora de enfrentar Cabhan de uma vez por todas. Esse foi outro ponto bem legal do livro, porque não ficaram pontas soltas e nem uma ladainha pra fazer Iona descobrir que ela era bruxa também, foi simples e sutil. Sua avó contou-lhe sobre Branna, a Irlanda e sobre a Bruxa da Noite, sua ancestral, então a garota simplesmente foi atrás do seu destino, por assim dizer. Com o círculo completo, Iona começa a trabalhar nos estábulos, que pertencem a Finbar Burke e Boyle McGrath. Os dois logo têm uma conexão, já que a primeira vez que ela vê Boyle ele está montado em um garanhão. Assim como Teagan, Iona não é só a mais nova, como também tem o dom com cavalos. Por isso não consegue conter a atração que sente ao vê-lo montado em um lindo cavalo. Mas Boyle é rude e introspectivo, então cabe a Iona quebrar o gelo que ele coloca entre os dois o tempo todo. No seu primeiro dia, ela é convidada a montar no garanhão que não parece gostar muito de Boyle, mas que se dá extremamente bem com ela. Com isto, ganha o emprego e também a atenção de seu novo chefe. Acontece que o cavalo em questão, Alastar, foi trazido por Finbar, e logo sabemos por Branna que ele também é um bruxo, mas descende de Cabhan. Sensacionalmente bem escrito, ficamos sabendo também que ele e Branna tiveram um passado, mas que este morreu assim que ela viu a marca de Cabhan no peito de Fin. Acontece que, ao longo da história, acabamos conhecendo mais o quarto bruxo e entendendo as reservas de Branna - ainda que sejam contraditórias. 


Ao longo do enredo, Iona vai aprendendo com Branna e Connor a arte da magia (como criar bolas de fogo e fazer penas voarem, o básico do básico), ao mesmo tempo que tenta desarmar o coração fechado de Boyle, seu próprio chefe. Esse é um daqueles romances em que a mocinha se arrisca e tenta tirar um sorriso  do amado carrancudo (meio Orgulho e Preconceito, sabem?) e, mesmo que sofra um pouco com as patadas, aprende muito no final. E isso eu posso dizer que Iona fez muito bem. Ela representa a fé, assim como Teagan, mas de uma menina insegura e cheia de impulsos, ela passa a se tornar uma bruxa - e mulher - cheia de certezas, ao lado de seus primos e de Boyle e Meara, a melhor amiga de Branna. 


Enfim, é um romance que vale a pena ler porque entretém e ultimamente não vejo muito isso nos livros de romance. Tem que ter esse "algo a mais" e eu acho que a Nora acertou em cheio ao colocar os elementos irlandeses corretos nessa história de amor, amizade e os laços de uma família que não é só de sangue. A continuação se chama "Feitiço da Sombra" e nos mostra um pouco mais a perspectiva de Connor O'Dwyer. Já li, amei e em breve farei resenha!

ISBN-13: 9788580413847
ISBN-10: 8580413842
Ano: 2015 / Páginas: 320
Idioma: português 
Editora: Arqueiro

segunda-feira, 20 de julho de 2015

#Wishlist: livros de romance para ler até o final do ano

Fiz uma lista no Skoob, que provavelmente começou no ano passado, sobre alguns livros que gostaria muito de ler. Em geral eu leio o que tiver na minha frente, ainda mais se for um romance, mas estes livros são aqueles que eu gostaria muito mesmo de ter na estante ou no LEV, pra marcar como lido no Skoob depois. Ano passado eu consegui ler quase cinquenta e a lista desse ano já tem 70. Será que eu vou conseguir?! hahhaha.

Esta imagem ilustra alguns dos favoritos e muitos deles eu já baixei pra ler no digital. Como vocês vão ler na listinha, não tem muita conexão entre si, porque tem desde Liev Tolstói até Colleen Houck, o que demonstra perfeitamente bem o quão eclética eu posso ser em questão de leitura. Pra mim é mais uma questão de curiosidade e não muito de popularidade do autor. Se eu vejo uma capa bonita, isso já conta muitos pontos (eu sei, sou meio vendida nessa questão), mas se a história é intrigante de algum modo, não adianta, eu vou levar pra casa. Vou tentar dividir essa parcela da lista do Skoob em gêneros e posts, ok? Vamos à #wishlistromantica de 2015:

 Romance - a primeira coisa que você vai descobrir sobre mim é que eu amo um bom romance. Não pode faltar boas declarações, um ou outro drama para apimentar a história e um desfecho mega romântico. Isso me ilude bastante normalmente, mas o que eu posso fazer né? Costumo pensar que todas essas autoras tiveram com certeza alguém pra se inspirar, mesmo que a história não tenha dado certo (como é o caso da Jane Austen, por exemplo). E pra encher a vida de bons suspiros, lá vem os tópicos:

  • Captain Wentworth's Diary: não tem título ainda em português, mas sei que a autora, Amanda Grange, está lançando a versão na Brazuca do diário do nosso amado Darcy. Esse livro conta basicamente a versão de "Persuasão", da Jane Austen, pela visão do personagem principal masculino, o Capitão Frederick Wentworth. Pessoalmente é um dos meus livros favoritos dela, já contei aqui antes, então eu morro de vontade de saber como ele se apaixonou pela Anne. 
  • Henry Tilney's Diary: a mesma coisa de cima. Amanda Grange não lançou ainda em português, mas esse eu faço questão de tentar ler em inglês mesmo. O Henry é de longe um dos meus homens favoritos da literatura. Bem humorado, com um pinguinho de sarcasmo e muito charmoso. E, pra ser sincera, a dúvida universal acaba sendo como ele foi se apaixonar pela Catherine, uma menina tão avoada e nova que às vezes você se pergunta como a paixão aconteceu (isso não fica muito claro pra mim no livro, pelo menos). A versão deste e do livro de cima em inglês é razoavelmente cara, então é legal esperar lançar por aqui para ver se o preço baixa. Tudo o que eu sei é que o diário do Darcy vem pro país pela editora Pedrazul e ainda está em pré venda pelo site. (R$ 40 reais, acho que vale muito a pena né?) 
  • Bruxa da Noite e Feitiço da Sombra: novos romances (série) da Nora Roberts, precisa dizer mais? Eu sou fissurada por essa mulher e escrevendo como J.D. Robb ou não, ela sempre arrasa. Como sempre, a história se passa na Irlanda e tem um clã poderosíssimo no meio. Acho demais que estes elementos sempre existam nos enredos da Nora, e são igualmente importantes pro desfecho da história. Eu amo demais a forma na qual a maioria dos romances que ela cria são selvagens, instintivos e quase brutais. Tudo é muito impulsivo, cheio de amor e vida. É disso que eu gosto de ler, e sempre que eu estou precisando de uma dose de história bonita, sempre corro pros livros dela. Essa série conta também com magia, coisa que gosto muito, então vou correndo pra ler. 

  • Para todos os garotos que já amei: bom, vamos lá. Normalmente eu passo longe de livros que me parecem bobinhos demais e com capas meio clichês, mas a sinopse me encantou pra caramba. Quer dizer, é praticamente a história da minha vida com algumas modificações óbvias! O livro conta a história de Lara Jean, que guarda suas cartas de amor escritas por ela mesma em uma caixa que ganhou da mãe. Uma para cada garoto que amou — cinco ao todo. São cartas sinceras, sem joguinhos nem fingimentos, repletas de coisas que Lara Jean não diria a ninguém, confissões de seus sentimentos mais profundos. Até que um dia essas cartas secretas são misteriosamente enviadas aos destinatários, e de uma hora para outra a vida amorosa de Lara Jean sai do papel e se transforma em algo que ela não pode mais controlar. Juro que fiquei curiosa ao extremo e quero muito saber o que vai acontecer quando os caras lerem as cartas. Tenho um tumblr desde 2012, acho, e faço exatamente a mesma coisa que a Lara. Todos os caras que já passaram pela minha vida ganharam um texto e alguns deles já leram essas "cartas", mas não foram experiências ruins. Vou ler o livro e conto como seria se isso acontecesse comigo, porque eu realmente fiquei intrigada!
  • Loucamente Sua: autora de Chick Lit que ainda não li!!! A Rachel Gibson tava na minha lista do LEV há anos, juro. Li todos os da rainha do gênero, Sophie Kinsella, e deixei ela por último, mas com certeza vou querer me divertir lendo o "Loucamente Sua", porque se tem uma coisa que livros "Chick Lit" são, o adjetivo correto seria hilários. Pra quem gosta de ler algo que tenha a ver com o drama feminino moderno, o gênero cai bem e existem inúmeras autoras que representam bem o papel no cenário literário. O livro da minha wishlist conta a história da cabeleireira Delaney, que volta para sua cidade natal por conta do funeral de seu padrasto Henry. Em uma cláusula do testamento, ela se vê obrigada a ter que passar um ano inteiro na cidadela e não ter nenhum contato sexual com o filho bastardo de Henry. Para divertir um pouco mais a história, já sabe-se logo de cara que, há dez anos atrás, rolou uma paixonite grande entre os dois, e mesmo sabendo que o cara é um mulherengo, a proximidade dos dois reacende a chama. Quero muito ler pra saber se ela vai resistir!
  • Série "Clã MacGregors": sei que é terrível dizer isso pra uma leitora fã de Nora Roberts, mas e nunca li a série mais famosa dela! Quero muito, demais e desesperadamente conhecer essa família enorme e cheia de romances arrebatadores. Pra resumir e pelo pouco que sei, parece que o avô desse clã é tipo um casamenteiro. Mas não são todos os filhos e netos que tem o dedo dele no meio dos casamentos, então são ao todo dez livros pra conhecer todas as formas que a Nora achou para casais se apaixonarem. Normalmente não tem muito o que contar sobre sinopses assim, né? Prometo que vou fazer resenha, mas já adianto que os livros são famosos desse jeito porque são realmente bons romances. 
  • A guardiã dos segredos do amor: Kate Morton, não desisto de você. Ainda estou cozinhando um dos livros (As Horas Distantes), mas vou ler junto com este. A guardiã dos segredos do amor, tem início quando a jovem Laurel Nicolson testemunha um crime que desafia tudo o que ela sabe sobre sua mãe, Dorothy. Quinze anos depois, Laurel decide passar a limpo o episódio, mergulhando numa história fascinante de mistérios e segredos do passado, assassinato e amor. Perfeito para fãs de clássicos romances femininos e de época, vale a pena!
Os outros livros e gêneros vou dividindo em posts, mas essa é basicamente uma listinha dos principais romances que pretendo ler neste ano!




sexta-feira, 10 de julho de 2015

Resenha "A Abadia de Northanger" - Jane Austen


Voltei depois de muito tempo de sumiço para escrever sobre uma das minhas autoras favoritas e minha musa inspiradora quando escrevo qualquer tipo de coisa. Ganhei um box lindo da L&PM com alguns dos "principais" livros da Jane Austen de presente das minhas amigas e comecei por "A abadia de Northanger" porque sinceramente não tinha visto nada sobre esse livro ainda. E nossa, como eu me surpreendi! Um dos meus preferidos é sem dúvida nenhuma "Persuasão", porque de todos os tipos de narrativa de romances possíveis, acho que é o mais bonito (sim, quando leio, sou uma romântica sem limites, me culpem). Mas prometo que farei uma resenha depois, hoje é dia de falar sobre esse livro que, segundo alguns críticos e com certeza propositalmente por parte da autora, é uma comédia satírica. Meu propósito no Blog não é muito entrar em discussão sobre o olhar crítico das narrativas que eu leio, então não pretendo entrar nos pormenores, mas "A Abadia de Northanger" entra na categoria dos que trazem várias questões sobre certos costumes da época. E para quem gosta de ler Jane Austen, sabe muito bem (ou fica sabendo agora) que ela gostava de criticar sutilmente a sociedade do séc. XVIII, pois em todos os seus enredos há ironia em algum hábito da época - principalmente acerca do casamento e questões relacionadas ao comportamento feminino. 

Bom, neste não há diferença. Somos apresentados à jovem Catherine Morland e sua família, que assim como os Bennet, de "Orgulho e Preconceito", é grande e relativamente pobre. Já começamos com o diálogo bem humorado dos pais e da própria autora, que ao descrever a nossa heroína, pintam a jovem Catherine como uma criança "espoleta" e pouco amiga dos bons modos, mas que, por sorte, começa sua mocidade com hábitos dignos de uma garota e se torna, aos olhos dos pais, "uma menina engraçada, quase bonita". Só por este começo já sabia o que me esperava nas páginas a seguir: bom humor e um enredo leve, fluído. Vi algumas resenhas que diziam que o livro não prende a pessoa, mas é porque o romance só seja um dos planos que a autora coloca em cheque. Ainda bem que não é tão superficial assim. Bem, Catherine, que começa a tomar muito gosto por literatura, principalmente pelos livros de Ann Radcliffe (ela realmente existiu, e foi uma autora de romance gótico muito conhecida na época. Dizem que "A Abadia de Northanger" é uma sátira à estas publicações), é convidada a sair do campo e ir com seus tios, os Allen, para Bath. Ah, a famosa Bath! Leitores de Austen sabem o quanto esta cidadela é frequentemente incluída nos livros, e não é por menos. Vejo como um lugar onde nossas personagens favoritas são introduzidas à sociedade, muitas vezes por por seus parentes ricos e refinados. Não sei muito bem se era mesmo um costume da época, porque não fui à fundo, mas há um certo padrão quanto à isto nos livros da Jane. Enfim, Catherine vai à Bath e a primeira coisa que ela e sua tia fazem é se prepararem para ir à um baile. Primeiro ponto: a sra. Allen me pareceu uma pessoa muito fútil, mas de forma avoada. Ela só se preocupa com assuntos relacionados à roupas, agora já não sei se é porque não sabe mais falar sobre outra coisa ou se porque é fútil mesmo, porque em certas ocasiões ela se mostra muito amorosa e preocupada em relação à sobrinha. No baile, as duas se lamentam muito pelo fato de não conhecerem alguém - já que naquela época você não podia se apresentar formalmente à ninguém caso outra pessoa não fizesse isso - , mas acabam por sorte esbarrando com um tal de Henry Tilney que já cai rapidamente nas graças da sra. Allen porque conhece alguma coisa sobre musselinas. Agora que foram apresentadas ao sr. Tilney, puderam aproveitar o resto da festa com a companhia dos acompanhantes do cavalheiro, a sra. e a srta. Thorpe. Isabella Thorpe e Catherine se tornam tão amigas quanto as horas do baile lhes permitem e dessa amizade não sai coisa muito boa. Nossa heroína é tão ingênua que por vezes não consegue ver maldade nos outros, sendo considerada por muitos leitores uma das mais bobas heroínas descritas por Austen. 

Mas vejam bem, "A Abadia de Northanger" é um dos primeiros livros dela, publicado só depois de sua morte. Não acho que ela tivesse atingido sua maturidade como escritora nesta publicação, mas de um todo o livro é muito envolvente. Catherine dança com Tilney no baile e descobre que ele é um clérigo e que não mora em Bath, está só de passagem. Mesmo assim os dois logo se afeiçoam, pois ele gosta de provocá-la e por sorte, ela "cai" em todas as suas brincadeiras. O personagem dele é de longe um dos meus favoritos, se não o que mais gosto. Henry é divertido e irônico até dizer chega, além de ser muito bonito e carismático. É o tipo de cara que em qualquer situação conseguiria se dar bem com as pessoas à sua volta, já que não tem muito como "fugir" da educação dele que se torna, em muitos momentos, cativante. Quem não gostaria de um cara desses na vida real, né? 


Infelizmente, nossa heroína e sua amiga inseparável, Isabella Thorpe, acabam se encontrando durante um passeio matinal, com seus respectivos irmãos, James Morland e John Thorpe. Diferentemente do nosso irresistível Tilney, Thorpe é um desses caras que, se Austen escrevesse livros sobre romances da nossa época, seria aquele que só fala sobre carros e sobre si mesmo. Ele também aproveita o fato de que Catherine é extremamente ingênua e abusa disso em diversos momentos do livro. James se apaixona por Isabella que, por achar que ele é um homem rico, corresponde de forma esnobe às investidas e por conta disto arrastam Catherine para todos os passeios possíveis para que os dois possam ficar juntos e John possa cortejar a menina. Neste ponto também vejo o quanto a ingenuidade da personagem à levou para as piores companhias. Quer dizer, os Thorpe em nada são boas amizades, nem mesmo a mãe que é igualmente interesseira. John não sabe ser menos chato e Catherine sofre com suas manipulações, que por algumas vezes lhe trouxeram situações desagradáveis com os seu tão querido Henry Tilney. Em uma dessas situações, Catherine já fez amizade com a srta. Tilney e já conheceu de vista o Coronel Tilney, o pai arrogante e com ares de superioridade. Por conta de John, um passeio foi cancelado sem explicações com os irmãos Tilney, e eles se reencontram no Teatro em Bath, onde Catherine tem a chance de se desculpar. Para se gabar da companhia, John faz o Coronel Tilney crer que Catherine é uma moça muito rica e que terá uma renda enorme se casar com qualquer moço que a faça tal proposta. O coronel, que assim como os Thorpe é interesseiro e desprovido de emoções, logo vê na moça muitas chances e a convida para ir com eles para a Abadia de Northanger. 

Acho que é mais ou menos neste ponto da história que as sátiras de Austen em torno dos romances góticos da sra. Radcliffe se tornam mais intensos. Vamos dizer que Catherine é aficcionada por Udolpho, um dos livros da autora, e que ele cria asas para a imaginação fértil da moça. Eu me identifiquei muito com ela, pois às vezes quando leio algum livro de fantasia consigo me "teletransportar" para aquele mundo e imaginar coisas relacionadas à ele no cotidiano, e Catherine age exatamente assim, só que de forma um pouco mais problemática. Acontece que abadias, como as lendas as tornaram, são consideradas assustadoras e assombradas. No caminho para Northanger, Henry provoca Catherine contando histórias absurdas sobre assassinatos e vampiros na casa, que aumentam ainda mais a imaginação irreverente dela. Na casa, Catherine começa a desconfiar que o Coronel tem alguma coisa ver com a morte da esposa, mas... Será que isso realmente aconteceu ou é só fruto das leituras frequentes que ela faz? Isto é basicamente o motivo da briga "clímax" do casal Tilney-Morland e logo após este episódio, Catherine é tirada às pressas da abadia, porque o Coronel descobriu que ela não era rica como haviam lhe contado. De volta ao campo e sua casa, Catherine se vê mais madura: agora descobriu o que um livro pode fazer e pode tirar dela, assim como gostar de alguém rico também se torna um fardo. O final é realmente um desfecho que todos podiam esperar, considerando todos os finais dos livros da Jane. Mas o mais legal é a relação entre o casal principal, que sobrevive às investidas más dos Thorpe e do Coronel, bem como à ingenuidade da própria personagem. 

Muitos se perguntam como Henry se apaixona pela abobada Catherine, mas acho que é exatamente esta característica que o chama a atenção. Catherine é cativante também porque não percebe o que pensam sobre ela, então seu jeito é absolutamente autêntico, e portanto, encantador. Acho que a combinação de personalidades neste livro é tão boa quanto em "Orgulho e Preconceito", mas sou suspeita, já que (me julguem) eu prefiro Tilney ao sr. Darcy. 


Esses gifs são do filme que foi produzido em 2007, com a Felicity Jones. Assisti-o logo após ler o livro, e não encontrei motivos para reclamar. Enfim, vale muito a pena se jogar em algum livro da Jane, e para começar, "A Abadia de Northanger" é bastante eficaz para introduzir qualquer um que não queira ler o seu "best-seller" em primeiro lugar. Amor é amor, né gente? Não importa se você é a Elizabeth ou a Catherine, no fim das contas vejo que Jane Austen sempre buscava encontrar as saídas para os obstáculos na vida amorosa de seus personagens, como - acho eu - gostaria de ter feito em sua própria (mas isso é assunto para outro post). Assistam e leiam! Tem o filme completo no Youtube, vale a pena. 

ISBN-13: 9788525424648
ISBN-10: 8525424641
Ano: 2011 / Páginas: 272
Idioma: português 
Editora: L&PM

segunda-feira, 2 de março de 2015

Resenha "Jardim de Inverno - Kristin Hannah


Sabe aquele livro que você escolhe porque a capa é extremamente bem feita? Pois é, eu faço isso também. No caso, nem li muito a sinopse, mas me interessei tanto pela beleza, que resolvi baixar no meu LEV. Mas, assim como alguns outros, esse livro ficou em uma fila de espera quase eterna, enquanto eu devorava meus autores prediletos. Até que eu resolvi dar uma chance. E caramba, ainda bem que eu fiz isso, porque a Kristin Hannah definitivamente sabe como escrever um bom drama!

Não sei se cheguei a citar aqui, mas adoro quando a história se passa em lugares não tão comuns assim no universo literário. Adoro ler Khaled Hosseini porque consigo compreender um pouco do Oriente Médio, por exemplo. E no caso de "Jardim de Inverno", o enredo é indiretamente um retrato da Rússia na época de Stálin, o que é com certeza um motivo a mais para se gostar do livro. Quem não ama história, certo? Mas ao ler J.I., você precisa ter paciência. A história vai se montando aos poucos, como se a autora de fato nos preparasse para o final surpreendente. 

Tudo começa com a relação fria e seca de Anya Whiston com suas filhas Meredith e Nina, que desde muito cedo percebem o quanto o desagrado pode ser cruel. Ao encenar um dos contos de fada da mãe russa, Meredith - a cabeça das irmãs - é impedida de continuar a peça, quando Anya grita um basta e vira as costas para as filhas. Mere decide que não vai mais tentar agradar a mãe e Nina se fecha para isso também. Quando crescem, as duas são apenas um pedaço do que poderiam ser, justamente por conta desta relação complexa e sem sentido. Ambas não sabem o que fizeram de errado para entenderem o motivo pelo qual a mãe nunca se aproxima, mas seguem suas vidas sem este carinho. Meredith é casada, com duas filhas que agora estão na faculdade, e se vê perdida em uma relação estranha com o marido e com o trabalho que herdou do pai. Já Nina, que a cada dia está em um país diferente fazendo jus ao seu nome de fotojornalista, não consegue se abrir para Danny, mesmo sabendo que está apaixonada. Mas isto não é tudo. As três se vêem obrigadas a concertar a situação quando o pai, Evan Whiston, morre e pede para que Nina faça com que sua mãe conte o final da história do famoso conto de fadas. 

É claro que a senhora russa não é uma das pessoas mais fáceis de lidar e Meredith, que assume tudo enquanto Nina está novamente fora do país, parece esquecer de si mesma e afastar cada vez mais aqueles com quem deveria resolver as coisas que estão visivelmente erradas. Quando a irmã enfim volta, começa sua jornada árdua para fazer sua mãe contar a história, e não desiste até que conquista da mãe gradativamente, demonstrações de que realmente há um coração escondido por debaixo daquela frieza. "Jardim de Inverno" não é uma história delicada, mas sim sofrida. Conta a história de uma russa de fibra, que sobreviveu à tudo e à todos pelo amor que sentia e que, no fim da vida, pôde finalmente ver tudo isso se encaixar e receber o perdão que tanto se culpava por achar que não merecia receber. 

Vi que a Kristin escreve muito sobre esses temas, mas realmente não esperava uma história tão sensacional e profunda quanto a de Anya Whiston. Você começa lentamente pelas filhas e por suas vidas que estão de alguma forma desconcertadas pelos erros da mãe, e depois desenrola a história e vê os acertos acontecendo conforme as três se conhecem e se conectam. Quando li, me emocionei demais porque tenho uma relação bem forte com a minha mãe e a minha irmã, e acho que esse livro mostra como é uma família de verdade, sabe? Você enxerga pouquíssimas faces de um prisma, que na verdade é muito mais cheio de pequenos espelhos do que conseguimos ver. Saber a história da mãe mudou a vida delas e não somente porque passaram a perdoá-la e a aprender a amá-la, mas porque encontraram respostas para seus próprios dilemas. E nem quero comentar sobre a Rússia das memórias de Anya! Chorei demais durante a maior parte do livro. Leiam se forem capazes ;)



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Resenha "Cinquenta Tons de Cinza" - E. L. James

Costumo pensar que quem gosta de ler de verdade tem muito a ver com quem ama café. Por exemplo, quem ama café, ama o sabor, a textura e tudo o que ele causa no corpo, portanto não importa qual seja o sabor que ele tenha, com quais ingredientes venha e etc., desde que ele seja café. É claro que temos nossas preferências, afinal, todos têm, mas a questão é que o "bookaholic" ama o ato de ler, não importando qual é a história, gênero e afins. Se estamos lendo, está tudo bem e esse é o cerne da questão. Bom, pelo menos comigo é assim desde que comecei com a desintoxicação de livros do Nicholas Sparks (que não são horríveis, apenas acabam com a nossa sanidade mental de acreditar sempre em amor). Portanto aqui fica minha justificativa pela qual eu li o tão polêmico "Cinquenta Tons de Cinza". Fiquei curiosa e, já que estou estudando para um dia me tornar jornalista, uma das coisas que eu sei é que a gente sempre tem que ir atrás dos fatos, pra saber em primeira mão se são reais ou não, então fiz minha pesquisa.

E o que eu tenho a dizer sobre o primeiro livro da trilogia de E. L. James? Boatos exagerados. Vi muita gente enchendo a boca para dizer da "depravação" que era o livro, que não tinha "cabimento" escrever sobre sexo sadomasoquista, e muitas outras coisas do gênero. Ao escutar tudo aquilo, acho que qualquer um pensa que é um livro que só fala sobre sexo, e das coisas que a turma do BDSM faz por aí; o que não tem nada a ver, porque depois que a gente pára e lê antes de torcer o nariz pra "Literatura Erótica", percebemos que Cinquenta Tons não é sobre sexo e nem muito menos sobre sadomasoquismo. É, para todos os efeitos, sobre amor e sobre o que ele faz com as pessoas. Antes de tornar o livro melhor do que ele realmente é, deixa eu explicar uma coisa. A "blogueira" que aqui escreve veio de um mundo fantástico e maravilhoso das fanfics de Crepúsculo. Era uma época boa em que uma adolescente de quinze anos podia dizer que era Team Edward e escrever fanfiction sobre Jacob e Reneesme sem ser julgada (mentira, eu sempre fui julgada por gostar de Crepúsculo, mas não tô nem aí. Todo mundo já gostou de alguma coisa na vida, não é mesmo?!). E para quem não conhece o termo, "fanfiction" nada mais é do que uma história escrita por um fã, que pode usar os personagens para criar outros enredos - que tenham ou não a ver com a narrativa real. Para quem estava nesse mundo de fics de Twilight, histórias que tinham a ver com sexo, Bella e Edward eram a coisa mais clichê de qualquer site que disponibilizasse esse espaço para a gente. Seja no Brasil ou não, pode procurar por aí e você vai encontrar centenas de sinopses em que Edward é o controlador e a Bella brinca de submissa ou vice versa. O que me leva a pensar que esse excesso de sexo nas fanfictions é um grito claro dos fãs que diz "tudo o que faltou no livro, nós escrevemos aqui!!!". Simples assim. 

Expliquei tudo isso porque obviamente "Cinquenta Tons de Cinza" vem desse universo de Crepúsculo, de garotinhas escrevendo e muito sexo sem que haja história. Quer dizer, pra quem leu os dois livros, as semelhanças entre os personagens são tão óbvias que você passa tranquilamente pela imagem da Anastasia e do Christian Grey vendo-os como espelhos de Edward e Isabella Swan. Então não julguei tanto assim a leitura, porque passei um bom tempo quando era menor de idade, lendo milhares de histórias alternativas iguais e até melhores do que essa, na internet. Fazer o que né. E super entendo quando as pessoas que realmente praticam BDSM dizem que o livro não faz jus à prática, porque não há de fato sexo sadomaquista, acho eu. Esse universo com certeza é bem mais profundo e mais complicado do que uns chicotinhos inofensivos que o Sr. Grey usa na Ana em uma cena ou outra. Portanto vamos aqui à minha resenha do livro, sem que haja exageros.



"Cinquenta Tons de Cinza" tem como personagem central da trama o milionário Christian T. Grey, que conhece nossa desajeitada e ingênua Anastasia Steele em uma entrevista para o jornal da faculdade. Após algumas gafes, perguntas inadequadas e muita tensão, os dois se despedem, mas para o azar - ou sorte, né, depende do ponto de vista - o calado e magnata Sr. Grey volta a vê-la mais vezes. Tem aquela coisa toda que tinha em Crepúsculo de "não fique comigo, sou perigoso", e a célebre frase (que também tem em Crepúsculo!) de "não consigo mais ficar longe de você", até que finalmente Ana conhece o verdadeiro Christian Grey. Mesmo ao ver um quarto cheio de apetrechos para a prática de BSDM, ela ainda fica confusa em relação à ele, já que a atração entre os dois é bem forte. Acontece que, para conseguir ter uma espécie de relacionamento, ela precisa assinar um contrato, que dita uma série de (minha opinião) absurdos, que vão desde o que ela pode ou não pode fazer na cama/relacionamento até o que ela tem que comer!!! Aliás, vi nisso mais uma semelhança com Crepúsculo. Edward também é manipulador, à sua maneira. Ele sempre tenta fazer a Bella "viver melhor", seja dando presentes caríssimos - o que também acontece com Christian e Ana - ou até dizendo o que ela pode ou não fazer. Comparações à parte, o contrato é a grande questão da trama. Quando escuto falar que o Sr. Grey "abusa" da Ana, fico extremamente chocada porque eu aposto que nem metade das pessoas que criticam a série devem ter de fato lido todas as páginas de 50 Tons. O contrato, que deveria ser assinado para que a Ana pudesse ser de fato a submissa de Christian, não é assinado. Ou seja: os dois aceitam o que está acontecendo. Tanto o sr. Grey, ao constatar que fará sexo com ela sem que as tais normas sejam todas seguidas à risca, quanto à Ana, que está completamente ciente do que está fazendo em todos os momentos (mesmo quando aceita brincar no Quarto Vermelho da Dor). Não vejo fundamento quando dizem que ela foi "forçada" a fazer qualquer coisa na trama, pois do mesmo modo que ele de certa forma inicia ela no mundo soft de BDSM, ela também o "manipula" para se envolver com ela. Isso pode até torcer o nariz de algumas que leem agora, mas, enquanto eu lia, super fui vendo o quanto ela foi sutil ao não assinar o contrato, permitir algumas sacanagens e ao mesmo tempo, fazê-lo "mostrar-se" aos poucos para ela.

Quando Ana perde a virgindade para Christian, por exemplo, vi claramente que o tal moço quieto e indisposto à relacionamentos, estava claramente abrindo espaço para um envolvimento em sua vida. O "não faço amor" que ele diz com tanta seriedade para ela, é também uma desculpa para que "as brincadeiras mais sérias" de fato possam acontecer, mas isso só mostra o quanto ele estava preocupado com ela. Como eu disse, 50 Tons, para mim, é mais do que uma literatura erótica. Li uma vez alguém que disse que um bom livro de sexo deve tirar o fôlego e só vi isso acontecer com a série "Cretino Irresistível", da Christina Lauren (aliás, recomendo!!!), mas com a dupla Grey e Steele, isso não aconteceu. As cenas em que os dois vão parar no "Quarto Vermelho da Dor" - apelido carinhosamente dado pela Ana, ao conhecer o quarto em que Christian usa para realizar suas fantasias - são realmente bem descritas e picantes. Há o uso dos tais apetrechos quentes de BDSM, mas isso não se compara à cena "fatal" de quando Grey finalmente mostra o quão perturbado ele é. Até então, Anastasia não havia conhecido a sombra de Christian, porque entrava "aos poucos" no mundo perigoso do magnata, mas quando ela finalmente aceita conhecê-lo, é onde a trama de fato fica pesada.

Em alguns momentos, me senti entediada, não irei negar. Normalmente tenho preguiça com personagens femininas muito dependentes de homens, e a Ana, apesar de "tentar" negar todos os presentes caros e absurdos de Christian (que são tentativas ridículas de provar o quanto ele quer ela), acaba sendo muitas vezes ingênua e bobinha. Sinto falta de personagens fortes e heroicas, como é o caso da Katniss, por exemplo, em Jogos Vorazes. Aquela pessoa que, mesmo que tenha péssimas condições, ainda dá a volta por cima e sabe tomar conta de si mesma. Isso você com certeza não verá em 50 Tons de Cinza. Anastasia não sabe nem tomar conta de si mesma e é extremamente "frágil e desengonçada" para se tornar uma mulher poderosa que coloque Christian-dominador-Grey no lugar, mas ainda assim, faz da trama um bom romance. Aos que dizem que nunca irão chegar perto desse livro porque é "pornô para criança" ou babaquice, deem ao menos uma chance. Não vi cenas chocantes serem descritas, até porque o sadomasoquismo descrito ali não é efetivo nem de longe. Acho que se fosse mesmo, seria muito mais intenso ler algo assim, do que realmente foi narrado. Umas algemas e alguns brinquedos não fizeram do livro algo bobo, só mais um livro sobre como o amor pode ser perturbador e como o sexo faz as coisas muito mais interessantes. Porque se 50 Tons de Cinza é tão ruim assim, porque será que está todo mundo lotando as salas de cinema para averiguar? Mate a curiosidade lendo esse livro, faz bem.

Edição: 1
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580572186
Ano: 2012
Páginas: 480
Tradutor: Ady Miranda, Rute, Partenope, Silvia, Sandra P.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Resenha "O Cirurgião" - Tess Gerritsen

O Cirurgião

Melhor coisa no mundo é poder indicar um autor bom para alguém. Se, com sorte, eu tiver uns dois leitores regulares, espero estar fazendo meu papel no mundo literário ao indicar Tess Gerritsen para ler. Aliás, leitura obrigatória para quem gosta de romance policial e principalmente suspense médico! Iniciei a leitura desse gênero (não sei se é bem "suspense médico" o nome, mas vamos lá) com a autora em questão, que já foi médica e depois se aventurou pelo mundo dos livros. Por isso mesmo você encontra um milhão de termos e jargões de hospitais ao ler Tess, mas isso não deixa o enredo menos atrativo. 

Li  "O Jardim de Ossos" antes de "O Cirurgião" e pode apostar que foi uma boa escolha, porque se o primeiro livro me deixou fanática por ela, o segundo sem dúvida alguma é uma obra prima. E não sou de ficar babando ovo pra escritor (tirando minha número um de todos os tempos, srta. Austen), mas cara, se você ler algo da Tess Gerritsen, pode ter certeza que mesmo não gostando, pelo menos vai reconhecer que ela manda muito bem. Mas enfim, só a minha opinião né? Não me aventurei muito por esse gênero, mas adorei o seu estilo de escrita e como ela cria os personagens e a trama, então acho que podemos considerá-la uma boa escritora de suspense médico. 

O livro em questão, conta com a personagem Catherine Cordell, uma médica cirurgiã de um hospital muito famoso em Boston e é igualmente famosa porque é extremamente boa no que faz. Acontece que, dois anos antes, ela sobreviveu a um ataque de serial killer que praticava violência sexual em mulheres e depois, com todo o poder psicopata do mundo, colhia o útero delas como um suvenir. Ela escapou ilesa dessa atrocidade, mas claro que seu psicológico ficou altamente destruído. Construindo mais camadas, a autora acrescenta ao enredo um ponto muito importante: Catherine, impedindo sua mutilação, consegue se soltar das amarras (o violentador amarrava as mulheres na cama com fios de náilon, estuprava-as e depois começava a chacina), ela alcança sua arma que estava embaixo de sua cama e dá um tiro em Andrew Capra, seu quase assassino. O caso então é encerrado e arquivado em Savannah, e Cordell segue rumo a Boston para recomeçar sua vida, um ano após se manter trancada em um apartamento com ataques de pânico frequentes. 

Antes de continuar, preciso alertar uma coisa bem importante: não sou de ficar impressionada com enredos, a última vez que isso aconteceu foi quando li "As Crônicas do Rei Artur", do Bernard Cornwell, e sonhei com aquilo umas três noites seguidas, mas a trama de "O Cirurgião" chega a ser igualmente perturbadora. Não tem mortes sangrentas o tempo todo, mas o tema do livro é bastante complicado de lidar, ainda mais porque sou mulher e me sinto agredida ao ler sobre ataques sexuais e o que isso provoca em outras mulheres. Acrescente isso ao fato de que a Tess - e vou falar mais sobre isso depois - é absurdamente boa em descrições e detalhes, então o livro se torna explícito no modo psicológico da coisa, ou seja, você acaba sofrendo tanto quanto as "vítimas" ao ler o que elas passam. Portanto se você não está afim de um livro tão denso, acho melhor deixar "O Cirurgião" para depois, ou encarar né. Vai que só eu sou meio sensível quando leio? Mesmo assim, fica a dica.

Bom, dois anos depois, a detetive Jane Rizzoli recebe um caso para investigar e se depara com um violentador sexual, uma mulher comum, só que agora jaz morta com uma incisão muito bem feita, a garganta cortada e um útero a menos. O detetive Thomas Moore é também chamado para atender ao caso, e ambos se deparam com um assassino de métodos muito parecidos com Andrew Capra. Quando outra vítima é feita na cidade de Boston, a polícia se depara com um estuprador peculiar: assim como um réptil, sua pele se torna "melhor" ao sol, pois ele sofre da Síndrome de Netherton, que, segundo o livro, é "uma condição recessiva autossômica que afeta o desenvolvimento da queratina" e também cria problemas para a pele, ou seja, nosso serial killer se move como um reptiliano. Nojento, mas isso acrescenta um terror a mais para a história, pois faz muito calor em Boston e à noite, enquanto mulheres dormem de janela aberta para não sentirem sufocadas pela temperatura sufocante da cidade, um assassino pode espreitar pelas frestas e atacar. O que os detetives não conseguem descobrir é como ele anda por esta cidade e quais são seus hábitos, pois as vítimas não tem sequer uma ligação entre si. Quando o detetive Moore consegue descobrir com Cordell que há algo a mais que ela não contou antes, em uma sessão de hipnose, somos levadas a uma nova descoberta: Andrew Capra não estava sozinho na noite que atormentara a dra. Catherine. Ele tinha um companheiro, que, entre as muitas cenas do livro, descreve viagens em que os dois se maravilham com atrocidades cometidas antigamente, como o assassinato de Ifigênia, a filha de Agamenon, que foi sacrificada para que a Deusa Ártemis parasse de provocar sua ira sobre a vida dos troianos e outras histórias antigas igualmente interessantes, mas que, na visão dos dois psicopatas, se tornam sombrias, pois é como se cultuassem o sangue de suas vítimas com conotações sexuais. Chega a ser perturbador ler essas cenas, e se há uma coisa que Tess Gerritsen foi sensacional neste livro, foi em entrar na cabeça de seus assassinos. Você consegue sentir a loucura em que os dois abraçam suas fantasias mais depravadas. Eles não arrancam o útero por algum motivo em especial, eles só sentem prazer no ato de matar mulheres. E é isso que eu acho que torna a leitura muito, muito e muito assustadora.

Há mais camadas no livro, é claro. Os detetives buscam pistas às cegas, mas o que eles não esperavam era a proximidade na qual o serial killer se encontrava de sua principal vítima: a única sobrevivente do caso, a mulher que matou seu companheiro e que, diferentemente das outras, não se entregou ao medo. Ela se tornou uma cirurgiã famosa em Boston e agora, seu perseguidor volta para finalizar o trabalho inacabado de Andrew Capra. Leia se tiver coragem e se entregue de corpo e alma para esse thriller médico que nos deixa sem fôlego, muito bem contado, estruturado e com detalhes que só uma ex médica poderia trazer ao livro. Não há arestas soltas, não há partes inacabadas. É uma história de um seriais killers tão bem contada que parece ter saído de um arquivo policial. 

ISBN: 9788501069764
Ano: 2013 / Páginas: 386
Editora: Record