sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Para não dizer que eu sumi

Vou engolir minha timidez e dizer que desde que voltei para casa, não parei de pensar que não queria ter de dado adeus. Foi como tirar doce de criança ter você comigo naquela noite, me dando a mão e olhando tão fundo nos meus olhos, que a única reação existente era ficar vermelha sempre que eu tentava disfarçar o quanto eu estava gostando de ser tratada daquele jeito. Sei lá, você é uma dessas pessoas que amaciam o nosso coração e a gente não quer que vá embora. Fiquei tentando dizer e me convencer que aquilo era totalmente casual, que os seus beijos eram efêmeros, assim como a madrugada juntos em uma avenida agitada, mas parece que algo em mim não consegue obedecer a esse comando mais. Eu não estou admitindo nada, nem que gosto e nem que deixo de gostar, mas que de alguma forma, você ficou em mim. E foi por isso mesmo que o medo tomou conta e fugir foi a única saída, mesmo não querendo ser covarde. Fugi do lobo, das músicas, do sorriso, dos olhos esverdeados e de tudo o que poderia ter sido. Por simples medo. Por convicção de que estou bem sozinha. De que tudo é “como deve ser”, me punindo por todas as vezes que escolhi errado antes. E admito, uma vez só, que sim, eu tive medo pelo modo no qual você me fez ficar feliz em apenas uma noite, e não precisou de nada para isso. Não tinham truques envolvidos, não tinham falhas expostas, era fácil. Só você e eu, em um mundo desligado e completamente mudo ao nosso redor. Como se fossem acordes fáceis de um violão há muito tempo desafinado. Você me encontrou, ali no meio de uma bagunça frágil, e mostrou muito pouco do que poderia ser. E essa fração me encantou, se tornando muito mais do que um beijo e um adeus no final da semana. Fiquei exposta a certo tipo de dilema: foi uma noite que poderia ter se dissolvido em uma vida inteira, ou uma vida inteira que nunca poderia se igualar àquela noite? Não sei responder a essa pergunta. Mas toda a vez que tento achar motivos para te tirar da mente, vem àquela lembrança frágil das suas mãos segurando meu rosto e dizendo o quanto eu era linda. Podia ser uma mentira, mas colou. Assim como seu instinto protetor, assim como o filme engraçado que a gente escolheu, assim como a cerveja que a gente bebeu. Eu queria mais da sua conversa, mais daquela sensação que eu estava com alguém. E nesse tempo todo sozinha, nunca mais quis. Mas aí veio você e seu jeito calmo que combina muito com o meu, a sua falta de atenção para o que está acontecendo ao redor, que ironicamente é igual a minha e todo o resto que eu compartilhei naquelas poucas horas com você. Foi aquele misto de intensidade em pouco tempo que eu com certeza quis para mim, mas não soube o que fazer. E agora está tudo nesse texto, porque é a única forma que eu encontrei de te dizer tudo o que eu escondi esse tempo todo. 

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