domingo, 23 de novembro de 2014

Resenha "A Maldição do Tigre" - Colleen Houck


A Maldição do Tigre
Não resisti à febre do momento e resolvi ler o livro da vez, que tem uma capa realmente muito chamativa. É o típico livro que grita "sou uma ficção, me leia!!!", com todo aquele brilho azulado e aquele tigre maravilhoso da capa. Confesso que não é meu tipo de leitura, mas resolvi ler porque foi recomendado por uma super amiga, então eis aqui o que eu achei da deliciosa leitura do meu domingo à tarde. 
Primeiramente, tenho que dizer que é um bom livro pra matar o tempo e não te fazer entrar muito na história. Quer dizer, essa é a minha impressão. "A maldição do tigre" não traz um enredo intenso e nem profundo, a história toda é muito rasa e os personagens, pouco agradáveis de início. Explico o porquê. Apesar de ser uma história muito linda, com a presença de um tigre branco que na verdade é um príncipe indiano rico de olhos azuis, não achei que a narrativa era muito boa. Não cativa, entende? Colleen faz pouco uso dos diálogos, o que me fez muita falta, pois o enredo em si já é pouco descritivo, então ela narra a história com pouca preocupação em fixar nossa atenção no que está acontecendo. Antes da viagem para Mumbai, tudo acontece muito rápido, sem muitas explicações. E isso me irritou um pouco, porque quando estou lendo algum livro de ficção, normalmente eu gosto quando há diálogos que demonstrem o que a personagem está sentindo, ou alguma descrição que aprofunde um pouco mais a narrativa da história. Esse é realmente um ponto bem fraco do livro, mas vamos à história:
Kelsey Heyes. Uma adolescente americana que no começo se mostra simplória, procurando emprego para pagar a faculdade, e tendo como foco principal o fato de ser órfã, mas morar com pais adotivos. Isso lhe dá um emprego no circo local, o que nos leva ao encontro com Dhiren, o tigre branco. À princípio, Kells tinha que apenas que ser a "faz tudo" junto com o outro ajudante Matt e também ajudar o Sr. Davis a alimentar os animais, inclusive o tigre. Cativada pela apresentação que viu do belo animal, Kelsey o conhece e rapidamente conquista um vínculo com Dhiren. Nesta altura, percebe-se que ele não é apenas um belo tigre branco, mas algo além, porque entendemos que ele de fato compreende ela e que, de certa forma, Kelsey o tira um pouco da solidão circense (o que me fez pensar um pouco, porque é realmente uma maldade sem tamanho ter animais no circo, leiam "Água para Elefantes" e entenderão o drama real!). Lembre-se que todo esse envolvimento acontece apenas com Colleen narrando freneticamente os dias, que se passam como um piscar de olhos, até que temos a visita do Sr. Kadam. Ele compra o tigre e convida a garota a passar o resto do verão na Índia, para que ela cuide de Dhiren, já que aparentemente ela parece entendê-lo melhor do que o próprio domador.
Cenas descritas no começo do livro à parte, Kelsey simplesmente embarca para outro país tão rápido quanto começou o novo emprego. Sem dramas, sem complicações e muito menos sem dilemas pessoais. Ela é atraída à causa e viaja para outro país, mas em determinado momento se vê perdida com o seu tigre no meio da selva e aí é que começa de fato à aventura.
Os dois são postos à prova e Kelsey descobre a verdadeira identidade do animal que até então, era seu melhor amigo. Os dois têm aquela tensão afetiva, porque ele é lindo de morrer na descrição, e aí a personagem principal assume uma nova face, a de sarcástica. Até então ela não vinha mostrando essa personalidade, mas como a escritora dá um 360º na história, tudo parece mudar; inclusive a narrativa, que se torna mais interessante. Estamos na Índia, os dois têm uma série de aventuras para passar e pessoas interessantes a conhecer. Kelsey descobre que é protegida da Deusa Durga - inclusive tem uma bela cena dela recebendo a benção - e que pode ter uma boa vida na mansão indiana, sob cuidados do velho e simpático Sr. Kadam. As aventuras incluem conhecer o irmão Kishan, o belo e enigmático irmão que havia roubado a noiva de Dhiren e ajudado de certa forma na maldição. Essa parte achei meio "The Vampire Diaries", por causa de toda aquela história de irmão bonzinho e irmão do mal sedutor e tal. Mas enfim, não sei o resto da série e sinceramente, espero que ela fique com Dhiren. 
Quanto à parte do romance, também achei fraca. Em um minuto, ela está totalmente envolvida com o tigre-homem-príncipe, e no outro, faz a durona e não quer nada com ele porque acha que ele é "areia demais pro caminhão dela". Entendo a parte de que ela estava sentindo algo pelo tigre e por tudo o que ele causava, e que quando Dhiren ficou em sua forma humana tempo demais (ah sim, no começo, os tigres podem ficar apenas 24 minutos do dia sob a forma de homens) ela não soube administrar a dose por ele ser lindo e da realeza, mas... Quem disse que isso foi narrado? Não, apenas vemos a mudança súbita de personalidade que uma hora era dócil e na outra, teimosa. Eu consigo entender a linha de raciocínio de Kelsey - apesar da escritora não facilitar muito-, mas se está rolando algo entre ela e um princípe indiano, é realmente bem idiota ficar afastando o cara o tempo todo porque de repente ela resolveu ser durona, né? 
No fim somos novamente apresentados à Kishan, que resolve se juntar à trupe e não satisfeito por ter roubado a noiva do irmão e se encontrar sob a forma de um tigre atualmente, resolve que também vai cobiçar o novo envolvimento de Dhiren. Nem preciso dizer que fiquei com preguiça do enredo, né? Ainda mais porque ela é toda amiga e fofa com o tigre negro, e resolve que vai esnobar mesmo o tigre branco que até então, fez literalmente de tudo por ela. Mas é isso. Triângulo amoroso, muita lenda indiana e pouca descrição e diálogo só na parte que interessa. E claro, dinheiro para custear toda a viagem e depois "pagar" a ajuda de Kelsey. Coisas que facilitam a fantasia da trama, se é que me entendem.
Por isso que, se você quiser passar o tempo apenas, esse é um livro ideal. Mas não espere que ele te prenda por muito tempo - apesar de você ficar doida para saber o que a Kelsey vai aprontar com o coitado do tigre-príncipe -, porque isso realmente falta na narração! Apesar dos pesares, estou ansiosa para assistir nas telas, porque tenho absoluta certeza que farão uma boa adaptação. Acho que, como roteiro, iria dar um bom filme e eu ia adorar ver todas as partes da Índia descritas, todas as lendas e claro, os tigres na tela. Como livro, achei chato de ler, não me envolveu e a história tem tudo para ser muito legal então vou ler a continuação, porque às vezes o livro melhora, mas não achei que valia todo o alvoroço.

Vejam esse vídeo feito por um fã sobre o "Elenco dos sonhos" para as adaptações do filme. Fiquei impressionada com a escolha dos atores! Tomara que levem à sério essa parte:





terça-feira, 11 de novembro de 2014

Resenha "Fiquei com o Seu Número" - Sophie Kinsella

Quer se divertir? Já leu S. Kinsella hoje?!

Não resisti e devorei mais um livro da Sophie Kinsella. E agora tenho uma nova diva da literatura, porque não tem como não gostar de Chick Lit. Pra quem caiu de paraquedas no termo, “Chick Lit” quer dizer que o livro se trata de um romance leve, que aborda principalmente o feminino, mas em seu gênero moderno. São relatos de personagens independentes, cultas e audaciosas em narrativas divertidas e que lidam com questões atuais deste universo feminino que não prioriza o relacionamento como trama central, mas sim todos os tipos de relação que uma pessoa pode ter em sua vida (por exemplo, no outro livro que li dela, o “Menina de Vinte”, a relação com a tia-avó era tão importante quanto o amor). Então não preciso falar mais nada sobre isso né? Chick Lit é basicamente um vício pra quem gosta dessa coisa meio “Carrie Bradshaw” de ver a vida e os namoros.
E o “Fiquei com o Seu Número” não é diferente. Quer dizer, já começa a sua trama moderninha pelo fato de que um celular está envolvido no enredo do livro. Somos apresentados à engraçada e genuína Poppy Wyatt, que é uma fisioterapeuta atrapalhada e noiva de um doutor em Simbologia de cabelos ruivos compridos, cuja família é famosa por seu conhecimento em coisas de gênio, tipo palavras compridas e difíceis para se escrever enquanto jogam Palavras Cruzadas ou discussões sobre Proust. Temos então o ponto de vista dela sobre as situações que vão acontecendo em sua vida, como o fato dela perder o anel de família (de esmeralda e tudo mais) umas duas semanas antes do casamento e simplesmente surtar com isso. Me identifiquei super na paranoica e nos planos mirabolantes que ela vivia fazendo pra contornar a situação. É praticamente impossível não mentir, né Poppy? Eu sei, você prefere se meter em encrenca do que deixar alguém magoado, quem nunca?! Mas além de perder o anel valioso, ela acaba vendo seu celular cair nas mãos de um ladrão, então um milagre divino acontece e Poppy encontra um aparelho no lixo. E pega. E chama de seu, mesmo que ele esteja identificado como sendo de uma empresa. Mas não importa, porque ela precisa encontrar o anel, e todo mundo poderia ligar a qualquer momento, então o roubo é justificado. A não ser pelo fato de que o chefe da pessoa que aparentemente jogou o celular no lixo, o quer de volta. E aí conhecemos Sam Roxton, um empresário metódico que deixa que ela fique com o aparelho desde que encaminhe todos os e-mails para ele. Caridade? Não, é só porque Poppy dançou Single Ladies para um cliente super importante da empresa dele, já que ele tinha pedido para ela fazer isso. Foi apenas uma troca, e na minha opinião (e na deles também) a melhor de todas.
O celular é compartilhado, então mensagens de Sam e Poppy se mesclam, mas ao invés dela cuidar apenas da vida dela, nããão. Porque vamos combinar, se já adoramos espionar o Facebook, imagina o que não faríamos com um celular alheio?! Pois é, ela acaba respondendo de forma educada “bjsbjsbjsbjs :)” (piada interna, leia o livro para saber) todos que encaminham e-mails para ele, e simplesmente mete o cara nas situações mais bizarras possíveis. Ele poderia ser mais simpático, segundo ela. E ela, menos intrometida. Mas dá certo no final das contas, adianto isso para vocês. A Poppy ajuda ele em uma crise empresarial, ele ajuda ela a descobrir algo crucial em seu noivado e no fim acaba que tudo o que eles compartilharam, se torna a chave para resolverem os problemas juntos. O que seria de nós sem as nossas conversas, não é mesmo? Apesar do Whatsapp querendo ferrar a vida com as visualizações com horas marcadas, as conversas que temos com alguém demonstram muito sobre o relacionamento. É quase como se equivalessem à um anel de noivado mesmo: são essenciais e importantes porque são a prova do amor de vocês evoluindo. E mesmo quando estamos na bad, quem nunca deu aquela espiadinha na conversa arquivada com o ex? Pois é, aqueles momentos significam e palavras, meus amigos, essas são eternas! Quer mais algum motivo pra ler “Fiquei com o Seu Número”?!

Edição: 3
Editora: Record
ISBN: 9788501098634
Ano: 2013
Páginas: 462
Tradutor: Regiane Winarski

domingo, 9 de novembro de 2014

Resenha ''Menina de Vinte'' - Sophie Kinsella

Menina de Vinte - Sophie Kinsella
Tá, eu admito. Tinha um pré conceito sobre a escritora Sophie Kinsella. Achava que ela fazia a linha da Marian Keyes (que gostei apenas de um livro de uma coleção inteira e não senti nada de especial nos outros, que tinham virado best seller e tal), e não quis dar uma chance. Mas a capa do Menina de Vinte é simplesmente cativante. As cores em tom pastel, o tamanho do livro, e o desenho da garota sorridente estampado na capa me chamavam muito a atenção quando eu ia em alguma livraria ou biblioteca. Não posso negar que, apesar dos pesares, ela tinha escrito "Os delírios de consumo de Becky Bloom" e querendo ou não, eu me diverti horrores assistindo ao filme com a fofíssima da Isla Ficher. Então, no calor do momento, baixei o tal Menina de Vinte para dar uma chance. 
Li em um dia. Sem brincar.
As 345 páginas são, não necessariamente nesta ordem, hilárias, intensas e surpreendentes. Sabe quando uma comédia romântica pode ter toques de mistério e uma história realmente profunda? Pois é, a Sophie consegue fazer isso sem muito esforço. Não dá para não rir com o enredo, e a personagem Lara é um retrato fiel de uma mulher de 20 e poucos anos que ainda não sabe ao certo o que está fazendo com a vida, mas simplesmente faz. Não é apenas como ela percebe que está obcecada por um ex namoro que não deu certo ou que está em um emprego com uma sócia que não está nem aí para o negócio, mas se trata de amizade e de evolução pessoal. Não, não parece com um livro de auto ajuda. Acho que é unânime entre leitoras desse gênero que Sophie Kinsella é garantia de diversão. E não poderia ser diferente, porque Lara simplesmente começa a conversar com a tia avó que morre aos 105 anos, mas que aparece como um fantasma em um corpo de 20. Daí o nome do livro.
Sadie, a tia avó enérgica e que definitivamente sabia como se divertir, convence a sobrinha-neta à procurar um antigo colar seu perdido em troca de algumas ajudas fantasmagóricas que tem sempre a ver com o ex namoro de Lara. No meio dessa loucura, Sadie cisma que quer sair com um empresário bem sucedido que acabou de avistar, e faz com que sua parenta o chame para um encontro sem nem conhecê-lo. O que eu acho engraçado é que a Lara nem pestaneja quando se trata de ajudar um fantasma de uma tia-avó que ela não chegou a conhecer em vida lhe pede alguma coisa. Essa ingenuidade é o que faz dela uma das minhas personagens favoritas de todos os tempos, e também explica o final do livro, onde ela finalmente começa a fazer o que realmente quer. Quanto ao encontro, Sadie faz com que Lara sempre saia vestida à caráter (leia-se anos 20, de melindrosa, cabelo encaracolado e etc.) e, em algum ponto, convence (com poderes de fantasma, obviamente) que ambos têm que dançar. Sério, dá até para imaginar os dois dançando Charleston até agora, de tanto que isso foi mencionado no livro.
Lara acaba conhecendo Ed, o cara que Sadie queria para si (mas por motivos de ela é um fantasma e tal, só consegue se divertir com ele quando sua sobrinha-neta sai como "se fosse ela"), e acaba se envolvendo com ele, se livrando dos pensamentos obsessivos com o ex namorado Josh. Cara, vocês não sabem como eu fiquei feliz quando isso aconteceu. Sabe aquele tipo de garota burra, que acha que o rapaz vai mudar magicamente de ideia e voltar a namorar porque, puxa, "eu ainda gosto de você"? Pois é. Não tenho paciência para isso. E era o que a Lara fazia o tempo todo. Mas enfim, a parte mais emocionante e legal do livro é a relação de amizade e de família que as duas criam. Elas passam literalmente o dia inteiro juntas e mesmo que na maior parte do tempo Lara pareça uma louca falando sozinha - e fingindo que tem um micro telefone no brinco para disfarçar a maluquice -, as duas aprendem muito uma com a outra. É aquela segunda chance que a vida dá, sabe? 
No fim das contas, elas descobrem onde estava o colar, desmascaram o impostor e descobrem uma coisa sensacional e maravilhosa sobre o passado não resolvido de Sadie Lancaster. Cara, por pouco que eu não chorei. É bem legal mesmo o que acontece. Faz você torcer pelo personagem, sabe? E Lara cresce no final das contas! Depois da leitura intensa, não dá pra você não olhar a sua volta e imaginar o quanto você faria por cada um familiar seu. Muito além das sacadas geniais de Sophie Kinsella, está a verdadeira essência de uma amizade pura e genuína. Vale a pena a leitura!

Edição: 1
Editora: Record
ISBN: 9788501084927
Ano: 2010
Páginas: 496