sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

#Wishlist: o que vou ler nas férias?

Finalmente de férias! E mesmo com viagens marcadas e etc., nada me dá mais alegria do que saber que vou ter um bom tempo para ler todos os livros que preciso devorar ainda. Da minha meta do Skoob, que fiz em dezembro de 2013, tinham 34 livros que estava querendo ler. Mas sou geminiana, e isso quer dizer que eu mudo de ideia com muita frequência. Daquela lista, consegui completar até agora 12 livros, mas se eu for vasculhar na lista (que preencho religiosamente naquela linda e maravilhosa rede social chamada Skoob) de "Lidos", ao todo, li 40 livros neste ano. O que é legal de se pensar, mas se contar que a maioria deles eram do Nicholas Sparks e da Nora Roberts, eu não "sai muito da caixinha" este ano. Eu ainda quero ler o que resta da minha meta, mas é claro que o objetivo daqui para frente é sair desse vício de livros românticos e se tudo der certo, começar a escrever o meu livro. Portanto, o que eu vou ler nessas férias, inclui o mesmo tipo de "lista decida-se-você-vai-ler-ou-não", mas que já está me esperando no banco de livros do LEV. Aliás, grande compra para um amante de leitura. A única coisa que me arrependo é de não ter comprado ele com luz, porque agora que estou de férias, posso ler até a madrugada, a a luz do celular não parece tão eficaz quanto seria a luz do próprio aparelho. Mas enfim, o LEV é uma maravilha na minha vida, porque carrego meus livros comigo aonde quer que eu vá e posso ler mais rápido do que antes, já que não tem o problema de ficar indo em livrarias e etc., o tempo todo. Dá para baixá-los pela loja da Saraiva (que  já vem no aparelho) e também posso baixar por outros sites que existem por aí. 


Da lista que já existe nele, tenho uns bem legais que baixei esse ano e alguns que estão na lista abaixo são uns que pretendo ler até o ano acabar:

As Filhas da Princesa (Jean P. Sasson) - Há um tempo atrás, li o livro "Princesa" dela, e posso dizer que fiquei fascinada pela leitura. É uma leitura praticamente obrigatória para quem gosta não só das histórias que envolvem o Oriente Médio (Khaled Hosseni tá na lista também, viu!), como também se interessa pela cultura e vida das mulheres árabes. Neste livro, somos apresentados às filhas da Princesa Sultana, que assim como a mãe, se veem oprimidas e caladas por um país masculino. Não vemos só uma trama narrada por uma escritora qualquer, mas em cada palavra há um real conhecimento, já que Sultana (pseudônimo) deu um depoimento sobre sua vida para Jean, no primeiro livro da trilogia, e então são todos baseados em histórias reais. Essa autora caiu por um acaso em meu colo, após uma visita da minha mãe em um sebo, e ela estava certa quando o pegou, porque eu realmente gostei da história. Pretendo ler "As Filhas da Princesa" o quanto antes nessas férias.

Felizes Para Sempre (Nora Roberts) - Yeah, preciso terminar de ler a história do quarteto mais amigo de todos. Quero entender como é que a Parker e o Malcolm acabam se casando e que fim levará os quatro casamentos mais aguardados da série. Mesmo tendo muitas críticas, acho que preciso conferir de perto como é que tudo acaba, certo? Além do mais, tô sentindo muita falta de um bom e velho romance água com açúcar.

O Cirurgião (Tess Gerritsen) - Desde que li "O Jardim de Ossos", fiquei impressionada com esta autora. Tentei me perguntar um milhão de vezes porque é que nunca tinha lido um bom suspense, e confesso que ela foi a responsável por me tirar do mundo infinito de romances e comédias românticas. Portanto, com certeza vou dar toda a chance do mundo para o primeiro volume dessa série de livros que começam com um assassino cruel e psicopata que arranca o útero de mulheres enquanto elas ainda estão dormindo. "O Cirurgião" tem TUDO para ser um ótimo livro nessas férias,

As Memórias Perdidas de Jane Austen (Syrie James) - Quando você descobre que sua autora favorita de todos os tempos tem uma estudiosa que romanceou sua vida e contou em um livro sobre seus amores, é impossível de não querer ler. Aposto um Mr. Darcy que a Jane teve uma super história de romance. E vou ler este livro, mesmo que as críticas sejam meio duras em relação a parte "baseada em cartas da autora", que na verdade, não são mostradas no livro. Mas quem liga? Se eu encontrasse um diário ou coisa parecida da Jane Austen eu também escreveria um romance sobre a vida dela! Vou ler sem dúvida nenhuma.

Quebra de Confiança (Harlan Coben) - Com certeza vou passar noites em claro para conhecer a série mais famosa de Coben, com o seu personagem tão falado, Myron Bolitar. O primeiro livro parece ser bem interessante, com assassinatos, pessoas desaparecidas e claro, um agente famoso e (ao que parece) divertido. Já estou baixando a coleção inteira no meu LEV!

Série Mortal (J. D. Robb) - Não existem dúvidas neste mundinho pequeno que irei terminar a série da Nora Roberts ainda este ano. Eu tô completamente apaixonada pela Tenente Eve Dallas, pelo Roarke, pelo Galahad e até pelo Summerset. Além do mais, quero ver como que ela vai lidar com a fama de ser a esposa de Roarke e ainda sim matar uns bandidos por aí. 

Os Bórgias (Mário Puzo) - Esse autor. Esse cara sensacional é simplesmente o cara que escreveu "O Poderoso Chefão" e outros tantos livros sobre a Máfia. Eu posso dizer que sou louca/apaixonada pela história dos mafiosos desde que li (por causa da faculdade) "Honra Teu Pai", do meu preferido de todos os tempos, Gay Talese. Neste livro, Puzo conta a história por trás da família espanhola que se instalou no vaticano e com certeza deu o que falar na história. Os Bórgias são, sem dúvida nenhuma, uma família que merece atenção. E já que eu estava viciada na série de mesmo nome, vou aproveitar e ler o livro para conhecer ainda mais a história,

Resenha "Seis Anos Depois" - Harlan Coben

Seis Anos Depois

Confesso que nunca tinha me ligado nos livros do Harlan Coben, porque não "faziam meu gênero". Mas depois de devorar uns quatro livros da série da J. D. Robb (aka Nora Roberts), resolvi dar uma chance ao romance policial. Ano novo, livros novos... Sabe como é. 

Mas eu não me arrependi, essa é a boa notícia. E provavelmente vou ler mais livros dele, porque o "Seis Anos Depois" é bem legal mesmo. O que eu mais gostei na história inteira foi o personagem principal, o professor Jacob Fisher. Não sei porque, mas o livro era tão bom que em determinada parte da história, comecei a ver o Jake sendo interpretado pelo Chris Hemsworth, e aí me ajudou a entrar realmente na história. Sim, eu tenho esse problema de ficar imaginando atores nos personagens e vendo como o livro daria um ótimo filme, o que aliás, me faz pensar que "Seis Anos Depois" deveria com toda a certeza virar um longa. Mas, voltando à questão principal, eu me identifiquei muito com o Prof. Fisher porque ele é sarcástico. Eu adoro quando os autores colocam seus personagens com um pouquinho de humor, porque torna a narração inteira muito mais divertida. E eu não sei você, mas eu adoro quando é em primeira pessoa. Me sinto ainda mais conectada com o personagem, e dá para entender ainda mais como ele passa por todas as situações. 

Bom, como dá para imaginar, a história começa nesses "seis anos atrás" de que o título faz menção. Nos vemos em um casamento e por ironia do destino, a ex namorada de Jake está se casando. E ele está lá para ver tudo. Como se não bastasse, ela arruma um jeito de dizer a ele que se mantenha longe dela e ele, todo magoado, parte para sua vida. Seis anos depois, ele se torna professor de Ciências Políticas na Lanford College, onde leva uma vida - para dizer o mínimo - bem pacata. Só que é claro que nem o tempo levou embora o que ele sentia pela sua ex namorada Natalie, e isso se torna ainda mais problemático quando ele descobre que o noivo dela foi assassinado. É claro que, a partir daí, as engenhosidades da mente masculina começam a trabalhar. Não que ele não quisesse prestar suas condolências, é claro. Mas a maior parte de sua recente curiosidade e vontade de aparecer no enterro do marido de sua viúva ex namorada, era simplesmente porque ele estava enxergando bem ali uma chance de "retomar" o romance. Nada a declarar, certo? O amor faz mesmo essas viagens em nossas mentes quando estamos apaixonados E com dor de cotovelo. Mas enfim. Ele tinha a oportunidade de reencontrar sua velha paixão, mas e a promessa que havia feito? Ele era um homem de palavra e extremamente certinho, o professor Fisher. Então, em uma súbita impulsividade, ele vai até o enterro. E descobre que o senhor Todd Sanderson tinha uma família e dois filhos, e nada ali mostrava um resquício de sua querida Natalie. Mas sua mente já foi pega pela curiosidade eminente do caso, e ele começa a vasculhar aquilo, entrando em um território perigosíssimo. 

Ele usa um contato de uma professora que já havia trabalhado para a CIA e para o FBI, Shanta Newlin, e decide descobrir onde sua garota está, mas para sua total decepção, não existem registros de que ela sequer esteja viva. Estamos em um daqueles filmes agonizantes em que o mocinho tem que provar para todos que a pessoa existiu mesmo?! Mais ou menos. Dada como desaparecida e sem nenhuma pista, Jacob de repente se torna uma espécie de "agente secreto" (o que o amor não faz, né?) e começa a vasculhar o passado de todos os envolvidos. Para se ter uma ideia, o nosso professor nerd acaba sendo sequestrado e mata um dos capangas mais procurados do Estado! E tenho que dizer que, graças à sua mente repleta de livros e mais livros, ele consegue pensar muito bem para alguém que se torna perseguido por milhares de grupos que o querem morto.  As descobertas o levam para uma Instituição de caridade de fachada, que na verdade era o lugar onde, seis anos antes, ele havia conhecido Natalie. E como se não bastasse, ele descobre uma coisa muito curiosa a respeito de muitas pessoas que estão bem próximas a sua vida, inclusive. "Nem tudo é o que parece ser", não é isso que dizem? E Jacob acaba vendo que isso é verdade pelos seus próprios olhos.

Além de ser um livro da minha amada Editora Arqueiro, Harlan Coben é um ótimo escritor. Ele nos leva a lugares comuns, de histórias de "suspense" que podem realmente acontecer por aí, e nos dá uma trama completamente envolvente, com personagens ainda mais interessantes. De uma coisa você pode ter certeza: não dá para parar de ler Harlan Coben, e apesar de eu ter baixado esse livro para ler no LEV porque ele tinha uma "história de romance", vou querer ler os outros deles simplesmente porque ele é bom no que escreve. Então se você está procurando uma leitura que te prenda, com uma narração irreverente e divertida, aposte neste livro!

ISBN: 9788580412536
Ano: 2014 / Páginas: 267
Editora: Arqueiro


domingo, 7 de dezembro de 2014

Resenha "Nudez Mortal"- J. D. Robb

Pronta para uma série policial?
Sob o pseudônimo de "J. D. Robb", Nora Roberts inova tudo o que escreveu até agora com uma série de romance policial que nos surpreende. Para quem está acostumado a ler a mestre das histórias de amor, "Nudez Mortal" é quase como um trunfo na manga de Nora. Sim, ela escreve suspense e escreve muito bem! 
Super recomendo a leitura para quem quer se envolver com um livro bom e com uma história policial que não entrega os suspeitos logo de cara, No primeiro livro da série, somos apresentados à maravilhosa e bad ass tenente Eve Dallas. Estamos adiantados em alguns anos no livro, então a história se passa na época de 2058 e claro, muita coisa mudou. Política social deu à prostituição regras e uma proteção maior, agora quem quer entrar para a profissão, deve receber um treinamento e possui uma série de legalidades que possibilitam uma vida menos conturbada, como vemos nos dias de hoje. Armas são de última geração e o computador? Disponível à mão, com o nome de "tele-link. Futurismo à parte, "Nudez Mortal"não faz exatamente o gênero robô e etc. Na verdade é bem inteligente, porque estamos à quarenta anos do nosso presente, então as inovações não são tão exageradas como vemos nos livros de hoje em dia. É claro que, após tantas mudanças, a trama deixa bem claro que o homem continua sendo homem, mesmo com tanta tecnologia e suas falhas são as mesmas de "anos atrás". No livro, temos um caso de assassinato e a tenente precisa descobrir quem foi que, meticulosamente, encobriu tudo. Uma prostituta de família rica foi descoberta com três tiros dispostos estrategicamente no corpo e nenhum sinal de identidade que pudesse ajudar a localizar o assassino. O segredo está no uso de armas do século XX e como vemos adiante na história, por motivos do século XX. 
O assassino de Sharon DeBlass, neta do senador, odeia a prostituição e usa armas do século passado, mostrando que é extremamente conservador e é um hacker muito bom, para driblar todos os sistemas da polícia. Na lista de suspeitos, o magnata Roarke tem lugar na primeira fila, por ser dono de quase tudo na cidade e claro, estar na agenda da falecida DeBlass. Misterioso e fechado, Dallas consegue com que ele facilite a interrogação em uma rápida viagem em seu jatinho particular. Mas para quem tem a mente rápida, descartamos de cara o bonitão, uma vez que ele parece muito mais interessado na tenente linha dura, do que na própria defesa. Sim, ele estava na clientela de Sharon e sim, ele tem armas antigas em seu arsenal, mas de uma coisa estamos certos: ele não ataca ninguém, a não ser as defesas de Eve e de seu próprio coração. 
Eve tem então que se manter atenta, pois em um curto período, o assassino faz mais uma vítima. Uma novata, que havia tirado sua licença há poucos meses e que é a segunda de seis mortes, como o psicopata faz questão de deixar claro nos vídeos em que ele mostra a vítima sendo morta. Para completar a falta de tempo e de pistas, o Senador DeBlass se mostra um impessilho no caso, pois não quer que a morte de sua neta esteja vinculada com a de outras prostitutas, e aí ele e o Secretário Simpson começam a cercar a tenente, inclusive vigiando sua vida pessoal e trazendo à tona seu envolvimento com um dos suspeitos. 
A tenente tem que encontrar o cara que está matando mulheres por diversão por aí e deixar seus próprios demônios do passado de lado, pois eles insistem em se convergirem com o caso, já que parecem envolver o mesmo tipo de violência que aconteceu com ela. A história é maravilhosamente bem estruturada e o assassino final, um cretino maior do que nós mesmos pensávamos que era. Mas eu, particularmente, adorei conhecer a Eve e o seu envolvimento com Roarke se torna meio que essencial para que ela se mantenha sã. Sabemos que quando a pessoa é muito centrada no trabalho e tem qualidades inquestionáveis, há algo de muito sombrio escondido em seu passado, e é exatamente por isso que quero devorar os outros livros da série. Vale a pena conhecer!

Edição: 1
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 8528610640
Ano: 2004
Páginas: 350

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Resenha "O Silêncio das Montanhas" - Khaled Hosseni

Uma história sobre sacrifícios

Se você está em busca de uma leitura mais reflexiva e que te faça repensar nos seus valores, Khaled Hosseni é o autor da vez. Com certeza você já deve ter escutado falar no famoso "O Caçador de Pipas", que de longe, foi o livro que mais me emocionou até agora. Mas hoje venho falar de um outro livro igualmente genial, chamado "O Silêncio das Montanhas". Mas atenção: se você é apegado ou tem problemas com a sua família, esse livro tem uma forte chance de ser um verdadeiro choque, pois trata exatamente dessas relações. Portanto leia sabendo que sensações como ódio, frustração e principalmente indignação, serão constantes!

Não adianta apresentar os personagens. São muitas histórias e são todas entrelaçadas. Começa com uma fábula maravilhosa sobre uma lenda da mitologia persa, em que o ser místico Dev é motivo de discórdia em uma pequena vila pouco favorecida, uma vez que ele só aparece nestes locais para roubar uma criança e nunca mais a trazer de volta. Por obra infeliz do Destino, a pessoa mais trabalhadora e correta do lugar vê o seu filho caçula sendo o escolhido para a "doação" e passa os anos seguintes em profunda depressão, se culpando e querendo encontrar um meio de reparar seus erros. Com isso, ele embarca em uma jornada para reaver seu filho preferido e, para o espanto do próprio Dev, consegue chegar até seu lar e reclamar o menino de volta. É aí que entra a grande questão da trama. O menino, que é mostrado através de uma espécie de espelho, está em grande felicidade e boa vida, e o pai já lhe foi tirado da mente pelo monstro mítico. Ele tem a opção de trazer o garoto de volta para a vida de miséria que levam na vila, ou deixá-lo para sempre em uma condição melhor. O amor e o próprio orgulho estão em jogo, mas o pai, obstinado, prefere a alegria do filho e parte de volta para a casa. É claro que o Dev lhe dá uma poção do esquecimento, como um presente para o sofrimento daquele homem tão altruísta. 

Vocês já devem imaginar que se o livro começa assim, as histórias que se desenrolam são parecidas em seu roteiro. E não se enganam! Um pai de família pobre começa seu destino pelas areias do deserto até chegar em Cabul, com seus dois filhos pequenos. O que ele vai fazer é explicado mais para frente, mas somos apresentados à Abdullah e sua irmã Pari, que são órfãos de mãe e que tem uma relação de muito amor e proximidade. Abdullah é praticamente um pai para a pequena Pari, e assim que somos apresentados à sua relação, vemos que ela é rapidamente desfeita, em um piscar de olhos. O tio, Nabi, é quem tem a chave da problemática separação. Ele trabalha em uma rica casa em Cabul, onde os donos têm uma relação um pouco estranha. A esposa, Nali, era uma mistura irreverente com a Grécia e o Afeganistão e não tinha nada de convencional. Conforme a trama vai se desenrolando, percebemos que ela é a típica mulher que quer encontrar algo para suprir o vazio que sente, mas nunca encontra. Nem nas bebidas, nas festas e principalmente, no casamento. Em um estranho e infeliz ato de amor, Nabi oferece um possível resquício de felicidade e oferece sua sobrinha como "uma possível filha" para a mulher. Ela aceita, o seu cunhado recebe dinheiro para sair da miséria e ele acha que tem uma possível forma de atrair a atenção da inalcançável Nila. Nesse ponto, fiquei realmente muito brava pelo fato de que o Nabi usou a sobrinha para ter chance com a patroa, mas de certa forma, entendi o que ele estava pensando porque quando nós amamos alguém, não medimos esforços não é? Ele não quis separar os irmãos por má fé. E ele não conhecia a relação de Abdullah com a Pari. Mas enfim, o que acontece depois é ainda mais revoltante, pois temos uma série de acontecimentos que distanciam ainda mais os dois irmãos, que tecnicamente são o ponto principal da história. Nila vai com Pari para Paris e Nabi fica para cuidar de Suleiman (o patrão, que sofre um derrame e precisa de cuidados) e aí vemos outro ponto de sacrifício: Nabi desiste da própria vida para ficar com o patrão, como seu cuidador. Talvez uma tentativa de corrigir um erro do passado? Um jeito nada convencional de se castigar pelo o que fez à própria família? Fiquei pensando nisso durante a leitura. Nali e Pari são então deixadas para depois na história.

Somos apresentados à Markos, um doutor grego que está morando agora na casa de Suleiman, com Nabi como o herdeiro da ex-mansão, destruída pelas inúmeras guerras que aconteceram no país. Markos fica sabendo da história toda e por meio de uma carta, fica com a responsabilidade de dizer à Pari sua verdadeira origem. Markos também tem uma história de sacrifício com a família, e no seu trabalho, busca, assim como Nabi, o perdão pelos atos feitos. 

Parando um pouco a narrativa, peço que entendam que a história se origina de uma separação e depois vemos personagens que tem culpa e personagens que fizeram sacrifícios. Hosseni trabalha sempre com estes dois polos. Markos, Nali, Nabi e o pai de Abdullah têm seus pecados e tentam corrigir à todo o custo, pois também se sacrificaram por eles. Os outros personagens envolvidos se vêem sempre em uma trama de doação e depois uma tentativa de tentar entender o que está acontecendo. Pari enfim descobre quem é seu irmão, após uma vida conturbada pelos desejos de uma mãe carente e que gostava de atenção. O final do livro é extremamente surpreendente e claro, revelador. O enredo inteiro busca perguntar o que faríamos, na posição de cada um dos envolvidos. Você sacrificaria seu destino para apagar os erros? Ou faria o que tivesse vontade para conseguir o que queria? Até onde nossas escolhas interferem na vida dos outros?

Em uma rede de doações, Hosseni retrata países e seis décadas de pessoas que têm uma única coisa em comum: a destruição do amor de Abdullah por Pari.

Edição: 1
Editora: Globo Livros
ISBN: 9788525054081
Ano: 2013
Páginas: 352
Tradutor: Claudio Carina