quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Resenha "A Bruxa da Noite" - Nora Robers




"A Bruxa da Noite" é provavelmente um dos melhores começos de Trilogia que a Nora Roberts já escreveu. E eu acho que gostei tanto, que tomei um cuidado extra na hora de resenhar esse livro, porque eu amei demais a história - assim como a sua continuação.

Pra começar, o que me chamou mais a atenção foi a sinopse e a capa, sempre tão bem feita pela editora Arqueiro. Acho o trabalho deles muito bem feito, dá para perceber o capricho com o formato final da obra. E a sinopse não poderia ser mais atrativa (pelo menos pra mim) e explico o motivo: bruxas. É óbvio, logo pelo título já  sabemos que se trata de uma história sobrenatural - ainda que fale sobre coisas reais, de certa forma. Eu confesso que tenho um fraco por histórias assim, principalmente as que contém dragões, vampiros e seres místicos. Não é a toa que eu era apaixonada por Crepúsculo na minha fase adolescente (e não tem nada a ver com o fato do Robert Pattinson ser lindo, apesar de contar muitos pontos a favor). Então o que me atraiu foi que dessa vez eu vi a Nora sair da sua zona de conforto. Já li suas obras de romance policial e gostei bastante, ou seja, a "fantasia" que ela criou nesse livro não foi um empecilho para querer lê-lo, já que eu tinha gostado de outras aventuras literárias que ela havia experimentado. 


Somos apresentados à Sorcha (nome lindo que eu já tinha visto em outro livro e roubei pra minha personagem de RPG), uma bruxa de grande poder que é conhecida como "Bruxa da Noite" e que vive no Condado de Mayo, na Irlanda, com seus três filhos e seu marido guerreiro, Daithi, uma espécie de general de guerra da época. Pode-se dizer que o começo se passa na Idade Média e que o poder de Sorcha atrai a cobiça e a luxúria de Cabhan, o bruxo do mal. Ele não é nem um pouco clichê, como é o caso de alguns vilões de livros de fantasia, então foi um grande ponto a favor da história pra mim, porque eu realmente gosto de personagens bem criados #exigente. Na verdade ele é sedento por poder, mas de forma sexual, ao que me pareceu. Ele é conhecido por violentar mulheres do vilarejo e por tentar atrair a Sorcha sob a forma de névoa, já que deste modo se torna pegajoso e pode envolvê-la com suas intenções maléficas. Mas, para a alegria de todos, a mamãe bruxa é poderosa e forte o bastante para proteger suas crias, que têm proteção vinda de seus animais. Acredito que seja o que chamam de animal protetor e cada um de nós possui uma espécie que diz sobre nosso interior, então Nora usou isso para criar os "amuletos da sorte" dos filhos da Bruxa da Noite. Teagan, a mais nova, possui Alastar, um garanhão cinza que a entende, assim como qualquer outro cavalo. Eamon, por sua vez, é um menino que conversa com o falcão Roibeard e os compreende, sendo o que cuida e protege suas irmãs. Já a mais velha, Brannaugh, é a mais responsável e lida com poções e feitiços de cura, além de possuir seu cão de guarda Kathel. Assim como o Cabhan, nenhum deles é clichê e sai falando com os animais conspirando e sendo superpoderosos ao ponto de se tornarem "fantásticos" demais. Eu não gosto mesmo quando o personagem é invencível e faz mil coisas poderosas, porque desse jeito não tem como a gente se conectar com eles. A Nora cria humanos, e mesmo que eles sejam bruxos, a coisa toda foi muito real. 


Como o esperado, Cabhan e Sorcha se enfrentam em uma noite que resulta na fuga forçada de seus três filhos, protegidos pelos animais e seus amuletos enfeitiçados. Mas não antes de prometerem que voltariam à cabana da mãe para matar o bruxo, que agora tem o poder de se transformar em lobo. Séculos depois, somos apresentados à Iona Sheehan, uma americana que deixa tudo para ir para Irlanda e conhecer seus primos. Ela se hospeda no Castelo de Ashford e vai conhecer a loja da Bruxa da Noite, que se revela ser a propriedade de sua prima Branna O'Dwyer. Branna já a esperava e, diferentemente do que eu mesma esperava, Iona sabe que é descendente de Sorcha e seus filhos, portanto não é surpresa nenhuma quando Branna a aceita como uma dos três bruxos do Condado de Mayo. 


Iona é o que chamamos de personalidade forte. Ela se faz mostrar, não importa aonde esteja, e isso acontece porque não filtra muito o que fala para os outros. Gostei demais da característica tagarela-atrapalhada que a Nora deu a ela, porque deixou o começo da história mais divertido. Logo de cara Branna oferece um lugar em seu chalé para que ela se instale e a pobre Iona, que sempre foi negligenciada pelos pais, se sente finalmente em casa. Lá ela também conhece Connor, seu primo lindo e protetor, e os três percebem que a vinda da bruxa mais nova para Irlanda significa que está na hora de enfrentar Cabhan de uma vez por todas. Esse foi outro ponto bem legal do livro, porque não ficaram pontas soltas e nem uma ladainha pra fazer Iona descobrir que ela era bruxa também, foi simples e sutil. Sua avó contou-lhe sobre Branna, a Irlanda e sobre a Bruxa da Noite, sua ancestral, então a garota simplesmente foi atrás do seu destino, por assim dizer. Com o círculo completo, Iona começa a trabalhar nos estábulos, que pertencem a Finbar Burke e Boyle McGrath. Os dois logo têm uma conexão, já que a primeira vez que ela vê Boyle ele está montado em um garanhão. Assim como Teagan, Iona não é só a mais nova, como também tem o dom com cavalos. Por isso não consegue conter a atração que sente ao vê-lo montado em um lindo cavalo. Mas Boyle é rude e introspectivo, então cabe a Iona quebrar o gelo que ele coloca entre os dois o tempo todo. No seu primeiro dia, ela é convidada a montar no garanhão que não parece gostar muito de Boyle, mas que se dá extremamente bem com ela. Com isto, ganha o emprego e também a atenção de seu novo chefe. Acontece que o cavalo em questão, Alastar, foi trazido por Finbar, e logo sabemos por Branna que ele também é um bruxo, mas descende de Cabhan. Sensacionalmente bem escrito, ficamos sabendo também que ele e Branna tiveram um passado, mas que este morreu assim que ela viu a marca de Cabhan no peito de Fin. Acontece que, ao longo da história, acabamos conhecendo mais o quarto bruxo e entendendo as reservas de Branna - ainda que sejam contraditórias. 


Ao longo do enredo, Iona vai aprendendo com Branna e Connor a arte da magia (como criar bolas de fogo e fazer penas voarem, o básico do básico), ao mesmo tempo que tenta desarmar o coração fechado de Boyle, seu próprio chefe. Esse é um daqueles romances em que a mocinha se arrisca e tenta tirar um sorriso  do amado carrancudo (meio Orgulho e Preconceito, sabem?) e, mesmo que sofra um pouco com as patadas, aprende muito no final. E isso eu posso dizer que Iona fez muito bem. Ela representa a fé, assim como Teagan, mas de uma menina insegura e cheia de impulsos, ela passa a se tornar uma bruxa - e mulher - cheia de certezas, ao lado de seus primos e de Boyle e Meara, a melhor amiga de Branna. 


Enfim, é um romance que vale a pena ler porque entretém e ultimamente não vejo muito isso nos livros de romance. Tem que ter esse "algo a mais" e eu acho que a Nora acertou em cheio ao colocar os elementos irlandeses corretos nessa história de amor, amizade e os laços de uma família que não é só de sangue. A continuação se chama "Feitiço da Sombra" e nos mostra um pouco mais a perspectiva de Connor O'Dwyer. Já li, amei e em breve farei resenha!

ISBN-13: 9788580413847
ISBN-10: 8580413842
Ano: 2015 / Páginas: 320
Idioma: português 
Editora: Arqueiro

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